domingo, 9 de outubro de 2011

Acrobata da dor - Cruz e Sousa

Gargalha, ri, num riso de tormenta,
Como um palhaço, que desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
De uma irônia e de uma dor violenta.

De gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos; e convulsionado
Salta, gavroche, salta clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-te bis e um bis não se despreza !
Vamos ! Retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas d'aço ...

E embora caias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente
Ri ! Coração, tristissímo palhaço.

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